CODA 14 - Ai, esta pena de mim

aqui ou ali é o princípio de tudo o que cada um quiser

livro grande em altura peso e comprimento e aproveito e cumprimento todos os que não lêem                                                                                              estes arquivos e coleções como estratégias de extensão identitária

o caso José  Duarte

título tese aprovada de Dr. Hélder Bruno Martins - exame em 2020:

'É jazz quando me chegam lágrimas aos olhos'

assim sim assim é que é

Ai, esta pena de mim

"... Desde que existe morte, imediatamenten a vida é absurda. Sempre pensei assim. Sempre tive pensamentos tristes. Quando à noite olhava para as casas ainda com luzes acesas, pensava que problemas não teriam naquelas casas com a luz acesa àquela hora. Quando ia a espectáculos muito alegres, como as touradas, via a praça cheia de sol, toda aquela gente a bater palmas, muito contente, pensava que daqui a uns anos já cá não estava ninguém, já estavam todos mortos. Desde muito nova tinha estes pensamentos tristes. Sempre me senti fora da razão dos outros. A ideia da morte acompanhou-me dos treze aos dezoito anos. Ouvia as pessoas ralhar comigo e achava que não tinham razão. Anda sempre a querer matar-me. Queria fazer-lhes pena. Mas a primeira vez que tive consciência da morte foi quando a minha irmã Aninhas morreu tuberculosa. Ela tinha dezassete e eu andava pelos vinte"
        
in 'Amália - uma biografia por Vítor Pavão dos Santos' livro editora 'Contexto'1987 *****

e diz-me Senhora Dona Rodrigues... Ela... sobretudo Ela... assim na dedicatória melhor na dedicação: 
'Ao amigo de longa data José Duarte um grande grande abraço xi coração'  assina Amália

estive com Amália 3 vezes a conversar 3 ocasiões importantes para mim então e ainda Homem novo nas Músicas
 
1/ no pavilhão do 'Valentim de Carvalho' na 'linha do Estoril' há décadas         foi uma reunião alargada com Vinícius de Morais a propósito de uma gravação no final dos anos 60 princípio dos 70 e com muitas e muitos presentes numa sala cheia de muitas mas em que todos reparavam em Amália... em pé falámos e em pé nos foi tirada a foto de perfil os dois num falso frente a frente

2/na Rua de São Bento - onde viveu décadas - para aceitar e aceitou minha ida para lhe pedir um sim para ir aos estúdios da RTP gravar o papel de Senhora Convidade para responder às minhas perguntas - disse-as... - enfim uma 'entrevista' filmada logo arriscada pra mim porque pra Amália seria fácil sabia-a uma notável atriz no dia a dia... gostámos do tempo em que ensaiámos a entrevista espetáculo privado que fazia com convidadas ou convidados... gosto de poder mas não querer... gosto?

3/ no dia da gravação no estúdio alugado - onde 'vivi' 3 anos - todos juntos éramos cerca de 10 para gravar 'Outras Músicas' este com Amália e o irmão de Pete Seeger também ele conhecedor de OMs... correu tudo bem até que... eu já esperava foi pura provocação minha e 'educada'... até que Dona Ela me disse 'está você a tentar ganhar... ganhe...' à pressa medi a distância levantei-me - trazendo agarrada a mim boa parte dos fios elétricos que me ligavam à realidade... fatal 'esquecimento'... mas junto a ela o que ela julgava não eu ser capaz dei-lhe 1 beijo mas na face... a cena foi então invadida por funcionários 2 e eu disse-lhes forçadamente calmo: 'deixem tudo estar assim... foi assim que tudo se passou!' 
e gravado irá pró ar... 

e foi!


'O que em mim sente está pensando' Fernando Pessoa (1888-1935)

'A pintura é poesia muda. A poesia é pintura cega' Leonardo Da Vinci 


'A Música ao serviço das ideias' 

título de uma conversa com Carlos Paredes num café na Lisboa das avenidas 
o fim da conversa o resto é foi Música em março 1990

O espectáculo de tanta modéstia e tanta simplicidade tinha acabado.   Paredes como toca parece simples mas não o é. 
Há que ouvi-lo de olhos abertos. 
Agradeci o tempo passado comigo connosco e pediu-me desculpa!...

Carlos Paredes - quando é que isto sai?
José Duarte - no domingo
CP - podia mandar-me o jornal...
JD - e a morada?
CP - vamos ali à tascaria (!!!) buscar papel... 
minha senhora queria comprar uma folha de papel... quanto custa?'

Carlos Paredes foi um homem de outro mundo
Carlos Paredes foi um homem do outro mundo

POEZZ

Adivinhava-se. Adivinhámos. Dificilmente o vanguardsmo português passaria ao lado do jazz. A atração do movimento, do estrépito, da vertigem, do bulício, das sonoridades metálicas e percutidas, com poucas probabilidades ficariam à margem do futurismo e dos modernismos subsequentes. Não necessariamente pela Música em si mas pour épater. Leia-se Almada e Navarro. O gosto pelo jazz enquanto expressão musical só o começamos a detetar no presencista Casais Monteiro, um melómano publicamente notório e no neo-realista Dionísio, uma agradável revelação vinda de um conspícuo teórico. É, porém, a partir de Lacerda que se sente que o jazz tem um lugar importante no gosto de alguns dos nosos poetas sendo, nos dias de hoje, sem surpresas nem estranhezas, um (por vezes banal) tópico de expressão.
Imaginava-se. Imaginámos. A Música de lamento e redenção surgida no sul rural dis Estados Unidos, teria forçosamente de influenciar e sensabilizar a lírica dos poetas lusófonos negros e brancos também eles sujeitos a uma forma de escravidão intelectual e cívica - talves não menos humlhante dum presunçoso domínio colonial. Leia-se Tenreiro e Craveirinha, Neto ou Noémia.
A representação brasileira - em que figuram Bandeira e Mário de Andrade, Drummond e Vinícius e alguns excelentes poetas novos do Brasil - deve-se à nossa intenção de não deixar de fora o maior país de língua portuguesa cujo
contributo para a Música do Mundo - e também para o jazz - é ocioso esmiuçar,
Organizada por dois portugueses, compreende-se a preodominância dos autores seus compatriotas, pela razão simples de ser a poesia portuguesa a que melhor conhecem e mais lêem. E com gosto, mas desta vez com alguma surpresa, assinalam a significativa representação nesta coleção de quase todos os movimentos estéticos e geracionais do século do jazz: futuristas, presencistas, neo-realistas, surrealistas e seus derivados, até à singularidade 
isolada de muitas vozes coevas.

escreveu soa a ido mas escreve e respira

no fim de um tempo curto... assim penso... apresentarei outra amostra do que é POEZZ
é um livro mas já escrito um livro i m p o r t a n t e para Portugal & seus habitantes só os que sabem ler ou é lere?

e já agora não se esqueça de escrever sobre CODA e para CODA sobre... o que quiser! com corda? claro que concordo ou diz-se com ou con corda melhor concorda?

um disse boa noite e abalou

o outro tirou o chapéu e foice

**********************************

O papel do jazz

Esta minha curta intervenção tem dois objetivos que são duas chamadas de atenção à classe dos jornalistas.                                                      Uma que diz respeito à importância e dificuldades do trabalho jornalístico dedicado à divulgação de Artes de minorias, Artes que marcam a diferença, as diferenças.                                                                           Outra que diz respeito ao próprio entendimento e apoio que os jornalistas devem prestar a um trabalho profissional deste tipo.

A minha ligação, hoje mais íntima, à divulgação de uma Arte como o jazz o é, tem mais de 40 anos de idade e 40 anos não são 40 dias, nem meses, são uma vida que atravessou Portuguais diferentes, sempre de costas para a inovação estética, cultural, sempre avessos ao conhecimento profundo ou até não de outras Culturas. Conquistar espaço ou tempo em qualquer órgão de Comunicação Social, para um assunto para um tipo de Música que nos é estranha e com a incompreensível adversidade para tudo que é diferente, é sempre uma conquista difícil, a maior parte das vezes impossível.

Na imprensa escrita, o espaço é, regra gral mínimo e com tendência para as chamadas críticas de discos com uma capa a cores do cd ao lado, i é, um maneira de namorar a indústria e dela depender e de alimentar o grande público com as sua escolhas e política de mercado. Escrevo da então atualidade a do que nos anos 60 as realidades e opções eram outras.

Na televisão a luta pla divulgação de Outras Músicas é uma luta perdida. Não há respeito ou sequer interesse por Outras Artes e contrariamente ao que outros países europeus praticam há ignorância e desprezo por formas artísticas novas. E apenas me refiro a Músicas inventadas e desenvolvidas por minorias divorciadas do grande mundo da indústria que tudo engole, uniformiza e torna produto de consumo, estupidificando e nivelando por baixo a capacidade de gostar compreendendo.

Na Rádio o apoio a Músicas novas e criativas é nulo e importa ainda a gravidade do uso de play list num país onde não se lê, onde as multinacionais comandam os gostos preferências e consumo de quem cá mora vive e nasceu descaracterizando assim este povo. Não é nem será com décadas de Radio dedicadas a um tipo de Música, não é fundando com esforço e perigo clubes que a PIDE quando achava bem fechava, não é colecionando artigos censurados, conferências proibidas, sites, programas de rádio, de tv, revistas com habilidades falhadas apesar de terem sido publicadas em português e inglês não é com esforços individuais e isolados que a Causa ganha.

Quem sabe que um penalty é quase golo garantido deve saber que Parker  não foi quem inventou as canetas de tinta permanente mas um saxofonista alto negro n-a genial ainda hoje e amanhã e depois de amanhã e ... for ever                                                                                                 pois pra sempre é-me inaceitável

O papel do jazz é também o papel de qualquer jornalista...

leu excerto de uma comunicação escrita e lida pelo jornalista JD em Lisboa no "III Congresso dos Jornalistas Portugueses" na 'Culturgest' em Lisboa de 26 fevereiro a 1 março 1998 entretanto um ou 1 outro houve mas a situação jazz mudou-se agora com 'Cinco Minutos de Jazz' RTP1 segunda a sexta + 'Jazzin'' RTP2 24 horas por dia só jazz      mais dias minutos com jazz não há!... àh!...

Jazzé do Arte

'nao pinto os objetos como os vejo mas como os penso' Pablo o Picasso

'escreva escreva - não escrevi escreva - o que me faltou foi só o me'

até já zz

vou membora mas volto já zz...

joseduarte@ua.pt 




Comentários

Mensagens populares deste blogue

CODA 20 - depois de muitas diligências inventou-se o comboio

CODA 21 - 'eu que me aguente comigo e com os comigos de mim' Álvaro de Campos

CODA 22 – jazz é composição improvisada