CODA 13 - só os que lá foram souberam o que lá foi ter ido

Olá a todas e com todos

diz Rui Vieira Nery - somos amigos - num livro outro dedicado a senhora dona Amália: 'Música erudita' perguntei respondeu: 'é um rótulo, não é uma avaliação de qualidade maior ou menor. Significa só que é Música de formação académica, sem componente improvisatória, na tradição ocidental' sou eu agora: 'não há ou existe 'Música erudita' dado que erudita adjetiva está aqui a mais pois fado é Música popular melhor do Povo'.

Jazz in Portugal: A Brief History & Overview

from 'Down Beat' jazz magazine

By José Duarte   I  Nov. 15, 2017

Nobody knows exactly when jazz first arrived in Portugal, but what we do know the first person to promote jazz in Portugal. That pioneer was Villas Boas (1924–’99). Villas was a jazz fan who befriended many North American musicians and others in the music industry, including fellow promoters such as George Wein. Boas was the first person to host a jazz radio show on local radio in Portugal, and he also founded one of the first European jazz clubs in 1948—Hot Clube de Portugal in Lisbon.

A jazz club aimed at students from local universities existed in Lisbon from 1958–’61 but was shut down by the police due to political reasons. This jazz club booked not only national acts but also international acts, such as Claude Luter, Perry Robinson, Jon Mayer and Chuck Israels.

Five years later, in 1966, the audience for jazz in Portugal was extensive enough that saxophonist Charles Lloyd (accompanied by pianist Keith Jarrett, bassist Cecil McBee and drummer Jack DeJohnnette) appeared on the TV show Jazz no Estudio A, hosted by jazz drummer Jorge Veloso.

Jazz activity continued in Portugal over the decades, with 1971 being a particularly important year. Cascais, a small city by the Atlantic Ocean near Lisbon, presented its first jazz festival, which included performances by Art Blakey, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Sonny Stitt, Al McKibbon, Kay Winding, Miles Davis, Ornette Coleman, Dexter Gordon and many others.

Charlie Haden also performed at this festival and was arrested by the police because he dedicated his tune called “Song for Che” to “the Black Liberation Movements of Angola, Mocambique and Guine.” This dedication got a standing ovation from 12,000 people.

The Cascais Jazz Festival lasted until the ’80s. Meanwhile, festivals were founded in other cities, such as Porto, Guimaraes, Braga, Estoril, Azores, Madeira, Loule and Coimbra.

Today, the jazz scene in Portugal is very strong and features internationally acclaimed Portuguese musicians such as Esteves da Silva (piano), Maria Joao (voice), Nuno Ferreira (guitar), Luis Candeias (drums), Ricardo Toscano (saxophone), Susana Santos Silva (trumpet) and Carlos Barretto (double bass).

Although there is jazz coverage in the Portuguese media, it is not as widespread as it should be. Cinco Minutos de Jazz (“Five Minutes of Jazz”) is a daily show that has been on air since 1966. In January of this year, Jazzin’, an online radio station at RTP, began. Other than these, there is little broadcasting of jazz.

Jazz on Portuguese TV is even less prominent than its presence on radio. The last jazz TV show took place 16 years ago and it was a one hour weekly show called Jazz a Preto e Branco (“Black and White Jazz”), which was broadcast on RTP.

The LP Estilhacos, now available on CD, was one the first jazz recordings produced in Portugal, documenting a concert in Lisbon of the Steve Lacy/Steve Potts Quintet on Feb. 29, 1972.

In terms of jazz clubs, there is the historic 'Hot Clube de Portugal' in Lisbon, which has hosted Dexter Gordon, Charlie Mariano, Steve Potts, Frank Wright, Count Basie, Noah Howard, Benny Golson and many more. There is another jazz club, Salao Brasil, located in Coimbra. Needless to say, two clubs for a population of 10 million is not great for Portuguese jazz musicians.

There are a few good Portuguese jazz big bands that are successful in Portugal and abroad, including the 'Orquestra Jazz Matosinhos', 'Lisbon Underground Music Ensemble (L.U.M.E.)' and 'Tora Tora'.

Porta Jazz is an excellent jazz label mainly dedicated to jazz from musicians that live in Porto. Clean Feed is a contemporary jazz label that is quite successful internationally. It releases music by European, U.S. and Portuguese musicians. Among its recent releases are albums by the Francesco Cusa Trio (FCT), the Ada Rave Trio and Gard Nilssen’s Acoustic Unity.

The musicianship of jazz artists in Portugal is almost at the same level as any other European country. However, the support for these musicians needs to grow on many levels. While it’s true that jazz fans in Portugal fill venues, many of them are unaware of all the obstacles that jazz musicians face in this country.

Portugal has existed since the 12th century, and as we look ahead to the remainder of the 21st century, we hope that support for jazz artists here will expand.

Journalist José Duarte can be reached at joseduarte@ua.pt 

'Mil e uma noites'


As 'Mil e uma noites', quando há pouco a Estupidez e a Força propunham uma ação drástica contra o Egito, proclamavam das prateleiras das Bibiotecas de quase todo o Mundo:
- Tenham mão, que nesta terra, depois dos Faraós, houve uma alma colectiva de Beleza que criou este roseiral em que se inebria muita gente boa de todas as partes da terra. Vejam lá o que fazem!
Eu creio que as vozes eternas que irradiam vozes como esta, mais que outras vozes, serviram para deter a violência.
As 'Mil e uma noites' estão vertidas em todas as línguas. Para Gide eram um  livro fundamental e necessário. O idioma português enriquece-se colocando-o nas estantes das sua livrarias a par de Gargantua e Pantagruel, da Divina Comédia, dos Lusíadas, da Comédie Humaine. Obra ora amena, ora de proveito e exemplo, ensina o homem a viver sem tartufismo, sem falsas convenções, aproveitando da vida e dando à vida tudo o que tem de calmo, de
saboroso e planetariamente humano.

Lisboa, Inverno de 1957 

Aquilino Ribeiro


"sorrindo em itálico"

"amanhã é dos loucos de hoje"

"sou uma sensação sem pessoa sorrespondente"

" a alegria dessa esperança triste"

"caiu pela escada excessivamente abaixo!

Álvaro de Campos


«blues... armas de combate contra os quadrados»
JD


Cinco Minutos de Jazz

José Duarte, um dos nossos melhores escritores, não é romancista nem escreve poesia, embora muitas das suas frases tenham uma musicalidade e uma inventiva que poesia não pode deixar de ser. Quando falo na qualidade literária de José Duarte, refiro-me à crónica – género que é basilar e estrutural da literatura portuguesa dos últimos 150 anos. Basta pensar em Eça de Queirós, que, partilhando com Camilo e Júlio Dinis o pódio dos romancistas portugueses do século XIX, não foi menor cronista do que ficcionista – estou até inclinado a afirmar que o génio queirosiano atinge na crónica o seu maior fulgor.

Poderia referir nomes a esmo, de grandes cultores deste género literário e jornalístico, para que atentássemos na sua importância; fico-me por quatro mortos e dois vivos: Oliveira Martins, Augusto de Castro, Augusto Abelaira, Victor Cunha Rego e, entre os vivos, Eugénio Lisboa ou Vasco Pulido Valente.

A crónica que tem a música como esteio principal tem sido, felizmente muito bem servida, se não em quantidade, certamente em qualidade, pois transpor para o papel uma pessoal estesia dos sons para terceiro ler, não é para todos: vêem-me à cabeça de imediato nomes como os de António Cartaxo e James Anhanguera, e o maior de todos, um dos grandes estilistas portugueses do século XX, e que praticamente só escreveu sobre música – refiro-me a Fernando Lopes-Graça, cujas «Obras Literárias» abarcam mais de vinte volumes.

(Lopes-Graça que recusou o convite de José Gomes Ferreira, por ocasião da reconstituição da antiga Sociedade Portuguesa de Escritores, vandalizada pela Legião Portuguesa e encerrada pelo governo de Salazar, quando da atribuição do prémio de novelística a essa obra maravilhosa intitulada Luuanda, de José Luandino Vieira, então preso no Tarrafal. Dizia Lopes-Graça, justificando a recusa em assumir-se como escritor, que toda a vida lutara e escrevera pelo reconhecimento da Música e como músico por inteiro se queria assumir.)

José Duarte tem essa marca autoral: a sua escrita é absolutamente original, pois ninguém escreve como ele, e fá-lo com destreza, pois logra apuro e eficácia no que pretende comunicar. O pouco que sei de jazz – e se pouco é, a insuficiência é minha – devo-o em boa parte aos seus comentários às centenas de faixas nos 31 livros que acompanham os cd’s da colecção «Let’s Jazz em Público».

Chegamos, assim a estes Cinco Minutos de Jazz, em nova edição, para sustentar o que acabo de afirmar, recorrendo a três tópicos, sem hierarquia de importância, nesta tentativa de caracterizar a prosa duartina:

Um domínio e uma segurança que são servidos por uma cultura vasta, para a qual contribui uma curiosidade voraz e um cosmopolitismo militante. Leiamos um parágrafo de «Nova Orleães: muita música, pouca vergonha», a propósito do bairro de Storyville, depois do autor se referir às festas na Praça Congo, aos fins-de-semana:

«Tudo isto se passava nas folgas, quando os fardos de algodão já lá iam em alto mar, acompanhados por muitas e diferentes mercadorias que a mão-de-obra negra recolhia e carregava. Era uma Babilónia onde o rio tinha importância para dentro e para fora dos Estados Unidos. A população flutuante, mais a residente, tinha necessidades que era rentável explorar e assim se criou uma área de 38 quarteirões onde se passava tudo ao som da música. A área era claramente delimitada e tinha nome: Storyville. Dizem línguas autorizadas que o exagero histórico, a imprecisão é, neste caso, aceitável porque simbólica, ao afirmar que o jazz nasceu em bordéis, saloons, rodeado de prostitutas, muito álcool, outros vícios, honky-tonks, fumo, pianista ao fundo, de chapéu de coco e mangas com ligas, a exercitar-se num vertical, praticando boogie-woogies, estilo stride, blues, rag, batotas, bêbados, vendavais de pancadaria e ciúmes, bar comprido onde as garrafas deslizam e se bebe sempre em pé, um pé apoiado em barra colocada na altura ideal, milimetricamente. Enfim, confortos!» (p. 54).

É um parágrafo notável de enquadramento histórico, em que o escritor começa por sintetizar, com um máximo de efeito, uma cópia de informações de caracterização sociológica, económica e cultural desse meio, prosseguindo, na segunda metade, com uma pormenorização sincopada de tipos e estados que singularizavam o bairro. A terminar um remate desaustinado que desconcerta o leitor não familiarizado, um toque distintivo muito seu.

A segunda característica da escrita de José Duarte que pretendo assinalar é a capacidade que atrás referi de transmitir o interesse pelo que se ouve, numa impossível tradução da música por palavras, que calculo seja para si uma desafiante oportunidade de defrontar as impossibilidades. Para não me alongar, cito a nota à primeira faixa de Expression, o último disco de John Coltrane:

«”Ogunde” passa-se em menos de quatro minutos. Coltrane discursa, épico, de tribuna, para que conste e não seja esquecido, em tenor. Por baixo fervem as escovas de Rashied Ali, Garrison sustenta o edifício, discreto, e Alice Coltrane comenta em paralelo, mas com outro fraseado, com acordes e momentos de ênfase complementar. Coltrane com poucas notas, mas prolongadas, como se orasse.» (pp. 85-86).

A terminar, deixando muito por dizer, uma menção obrigatória ao humor, que desinquieta todos os textos, esse tal humor desaustinado e desabusado, dois parágrafos finais dum texto em que nem o título se salva: «Sob»:

«Soube, pois, que Portugal é um país de brandos queixumes e soube mais, soube pela Rita (seis anos) que Portugal “inventou” o Brasil e soube pela Britânica (35 volumes) que Portugal “visitou” África do século XV. / Não foi visita de médico.» (p. 75).

Tomo emprestadas as palavras de Carlos Paredes, na entrevista que concedeu ao autor em 1990, para rematar a minha intervenção: «o jazz tem-se orientado no sentido de revelar as características mais profundas, mais íntimas de cada instrumento.», afirmou o criador de Verdes Anos. E eu afirmo aqui que a palavra é o instrumento de eleição de José Duarte, que maneja com uma mestria que é só sua – como qualquer leitor experimentado aduziria num hipotético blindfold test literário.

Ricardo António Alves 

maio 2019

in  "Uma Campanha Alegre" de e por Eça de Queiroz em 1890

'... e na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa. Apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal! As nossas bandarilhas não têm cor, nem o branco da auriflama, nem o azul da blusa. Nunca poderão tão ligeiras Farpas ferir a grande artéria social: ficarão à epiderme. Dentro continuará a correr serenamente a matéria vital - sangue azul ou sangue vermelho, dissolução de guabo ou estrato de salsaparrilha.                                                       Vamos rir, pois. O riso é uma filosofia. Muitas vezes o riso é uma salvação. E em política constitucional, o riso é uma opinião'.                                   

e foi-se... e foice 

Jozzé do Arte v. Jazzé do Arte

«quem lê não escreve e quem escreve lê» leia & escreva! e bata com fuga se não gostarem

não perca a próxima CODA...  a-ver-há ha-ver-á + escrita jazz + CODA

buy now sabe bem mas errado está é bye now

vou membora e assim fiquem em paz cem jazz inté meu re gre çu... oficiais e tudo! 

AJA pazz!                                                                                                                                                           bem AJA ié 'Associação José Afonso' em Lisboa                                                                       face à AR em São Bento...


Caro Jazzé Duarte

Apresento-me: sou dos mais velhos “baby boomers” (quando nasci ainda tu eras um miúdo…) e depois de ter tido o feliz acesso a este teu blog não resisti a enviar-te esta mensagem.

Gosto de música e particularmente de jazz.

Ainda na escola primária fomos viver durante 2 anos para a Ilha de Santa Maria, nos Açores, pois meu pai trabalhava numa companhia de aviação americana, e por lá já circulavam discos de jazz, nesse tempo em que os aviões da época lá faziam escala obrigatória, para reabastecimento, para poderem assim chegar ao continente.

Mais tarde, já adolescente, tive a sorte (as minhas mãe e irmã tinham receio de viajar de avião…) de acompanhar o meu pai em algumas das viagens periódicas de meu pai a Nova York. E, aí, pude visitar com ele 2 vezes o Birdland, club de Jazz, cujo nome foi dado em honra de Charlie Parker, cuja alcunha era “Bird”. Era um espaço enorme, para largas centenas de pessoas e tinha uma sala para adolescentes, sem bebidas, a que chamavam "the peanut gallery" e onde algumas vezes nos deixavam assistir. A esta distância, lembro-me do efeito tranquilizador da música de jazz.

Numa das viagens o meu pai comprou-me um livro excelente What to Listen for in Music” ( de 1939…mais antigo do que nós…mas creio que já era uma edição mais recente dos anos 50…) do compositor e professor Aaron Copland (infelizmente “emprestadei” este livro a algum amigo…que se “esqueceu” de devolver…); resultou da compilação das suas aulas nos anos 30, e em que ele afirma que a melhor maneira apreciar e entender a música é ouvi-la, em vez de estudá-la em livros- claro que não se referia aos músicos

…e introduz a ideia de que todos nós ouvimos música em três planos distintos: o plano sensual, o plano expressivo e o plano exclusivamente musical

Uma das imagens que retenho Aaron diz algo como (cito de memória) “quer oiças Mozart ou Duke Ellington só podes aprofundar a tua compreensão da música sendo um ouvinte alerta e consciente”, isto é, não simplesmente alguém que está procurando algo no que escuta. Ele conseguiu assim mostrar-me a diferença subtil entre a forma como eu a ouvia antes e passei a ouvir depois de descobrir o Jazz.

Copland termina notando que a experiência musical requer três elementos: um compositor, um intérprete e uma plateia que não sendo entidades separadas, devem, no entanto, trabalhar juntas para criar uma experiência musical, e em que cada um entender o papel e as necessidades do outro é crucial.

A pedido de uma das minhas netas, que me fez buscar nos meus arquivos apontamentos antigos deste livro, e entusiasmada com o elogio que dele fiz tentei recentemente comprar uma edição em português deste livro…mas procurando na Internet, vi que me pediam mais de 80 euros…o que em tempos de crise e pandemia…me parece muito. A ver se mudo de opinião um dia…

Charlie “Bird” Parker morreu jovem com 35 anos e aparência física de 52 anos, fruto da vida com muito álcool e droga, mas revolucionou a música quando se deu conta que não precisava seguir as escalas musicais tradicionais e assim abriu alas para o be-bop essa nova forma de jazz, marcada pela liberdade, velocidade e ousadia.

O desenvolvimento do be-bop marcaria uma ruptura entre o que viria a ser chamado de jazz tradicional e o jazz moderno, que serviria de base para outros revolucionários como Miles Davis, John Coltrane e outros.

Não me lembro de em 2020, quiçá fruto dos confinamentos covid-19, se ter comemorado em Portugal, o centenário do nascimento de Charlie Parker, apenas um mês mais novo que o meu (falecido) pai. Creio ter sido Miles Davis que disse que a história do jazz poderia ser resumida em quatro palavras: Louis Armstrong, Charlie Parker.

Voltando às minhas memórias de 1965 e de Nova York - pouco depois de te “ouver” numa sessão para estudantes organizada pela Associação de Estudantes e numa sala do ISCEF (actual ISEG) por onde tinhas “andado” anos antes (por alturas do falecimento do Charlie Parker…) - tentei visitar de novo o Birdland, mas estava encerrado…

Fui a outro club de Jazz…o Half-Note e apenas recordo de ouvir que por lá passou pontualmente John Coltrane. Muito provavelmente não ouvi este excelente saxofonista tenor, que li algures ter deixado de ser saxofonista alto pois já existia um excelente saxofonista desse instrumento, Charlie Parker.

 Do John Coltrane lembro-me do álbum Expressions (1967) e quiçá o som mais exasperado resulte de estar próximo da morte nesse ano, mas que ao ouvir nos faz tranquilizar e desligar do mundo à volta…

E saltando para o ano de 1971 tenho na memória o 1ºfestival de Jazz de Cascais em novembro...

 

… recordo ter sido um dos milhares que por lá estiveram e logo de entrada mais de meia hora do Miles Davis, e mais tarde, entre outros, Dizzy Gillespie e creio que o Thelonious Monk, pianista, que associo como um dos pioneiros do be-bop e, depois do Duke Ellington, que creio ser o 2º mais gravado compositor de Jazz.

 

E porque de efeitos tranquilizadores da música já falámos recordo-me, que o filho de um vizinho nos primeiros tempos de vida só se acalmava quando os pais lhe colocavam os auscultadores nos ouvidos e o som de música clássica. E atualmente é um amante da música e saxofonista amador, para eventual desencanto da vizinhança, pelo que recentemente mudou para a flauta…

 

Um dos livros excelentes que também me passou pelas mãos, e foi companhia em noites várias em que viajava em trabalho pelo mundo, foi o 'But Beautiful: A Book About Jazz', do inglês Geoff Dyer. Contém, numa escrita metafórica, peculiaridades, brilhantismo e excentricidade em relatos deliciosos sobre alguns grandes músicos dos quais retenho o pianista Thelonious Monk e o contrabaixo Charles Mingus. Soube que havia uma edição em português com o título, “Mas é Bonito-um livro sobre Jazz, improviso e domadores de feras”, que vou tentar adquirir.

Li, há tempos, que uma das coisas que se devia ter em atenção, ou era feita inconscientemente, para determinar a complementaridade com outra pessoa (amizade ou parceira/o) era a música, inclusivamente mais que a religião, leitura ou política. E em segundo estava o tipo de cinema/séries e em terceiro a comida e a religião…

O Jazz tem uma incrível história de como o ser humano pode triunfar e descobrir a beleza mesmo que esteja passando pelas piores adversidades…,

 

O Jazz é uma conversa - Tocar e fazer jazz necessita muito trabalho individual e colectivo, mas para escutar jazz basta prestar atenção aos solos, às letras, arranjos, metais, frases melódicas e ritmo…

 

Escutar, apreciar e estudar Jazz…faz-te gostar mais de música – (embora se possa aplicar a outras formas de música), é como a coluna vertebral de muitas músicas que existem hoje…

 

E se até num estudo feito há 50 anos sujeitando plantas em vasos durante 2 semanas a música de jazz cresceram e quanto as que foram expostas a um som sem alterações melódicas…secaram…

E agora em tempos de pandemia até é de lembrar que existem estudos que demonstraram que escutar Jazz durante apenas 30 minutos aumenta os níveis de imunoglobulina, que atua contra os vírus, bactérias e infecções.

E que ouvir música de jazz suave e lenta atrasa a produção de noradrenalina, que se desencadeia especialmente em momentos de stress…permitindo-nos assim dormir bem…

Quanto aos imensos benefícios para o cérebro viu-se que a improvisação, que está no coração do jazz, estimula as zonas de perigo e de aventura e supõe um desafio mais importante para os músicos…

Yitzhaki é um entusiasta pianista e prof. de cultura de jazz que o divulga de forma apaixonada às suas audiências; ele acredita que da mesma forma que o jazz reflecte as dinâmicas da vida, o jazz pode também ser visto como uma filosofia, uma forma de vida…

https://www.ted.com/talks/raz_yitzhaki_choose_18_maniacs_innovative_leadership_inspired_by_jazz_jan_2019

Nesta conferência, dirigida curiosamente a executivos de empresas, fala-se de liderança, inovação e trabalho em equipa inspirados no jazz.

Os directores criativos costumam considerar que são os líderes que criam o novo e às vezes só o que há que fazer é ir ao piano e acompanhar a estrela que está no escritório. As empresas que buscam a inovação empresarial têm de dirigir os seus negócios exactamente como se dirige um conjunto de jazz. Foi ele que disse que quando aprendeu a escutar jazz também aprendeu a escutar as pessoas, a delegar e a aceitar a crítica construtiva e a ser flexível…

Nos espectáculos de jazz vemos frequentemente os momentos em que os músicos começam a desfrutar mais que o público…

Li algures que os verdadeiros músicos de jazz (frequentemente) não estão aí para o público mas para o desafio entre eles, e que todo o mundo de jazz se tornou um pouco como o vinho e os charutos de Havana. É, de certo modo, de bom gosto burguês. Há quem diga que só 10 por cento das pessoas que vão a shows de jazz o fazem apenas pela música.

A musicoterapia, e particularmente com jazz, está em alta…relaxa, alivia as dores e aumente a criatividade…

A última que me recordo de ter lido dizia que os amantes de jazz são em geral pessoas criativas, em geral optimistas mas que têm opiniões próprias vincadas…

José Covas

até jazz melhor até já zz

joseduarte@ua.pt  



 


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